Parar, escutar e seguir: o caminho para dentro.
Resistir machuca. Resistir atrasa. Resistir desgasta.
Quantas vezes nos debatemos contra o próprio caminho, como se cada dificuldade fosse algo a ser combatido? E se o desafio não for um inimigo, como muitas vezes imaginamos, mas um convite? O desconforto de hoje, as pausas forçadas, os desvios inesperados… E se tudo isso for uma forma de nos preparar, de nos alinhar para o próximo passo? Às vezes, o que chamamos de atraso é apenas o ritmo necessário para entender a nós mesmas, para amadurecer.
Esses momentos de espera ou de incerteza podem parecer estéreis, mas eles carregam uma riqueza que só se revela quando paramos de resistir. Como uma semente que precisa do escuro e do tempo para germinar, nós também precisamos desse espaço entre o agora e o que desejamos. A vida muda constantemente e, muitas vezes, nos pede para mudar junto com ela. Seja um casamento, uma gravidez, um novo trabalho, uma mudança de país, uma fase de aprendizado inesperado… Cada transição traz à tona novas versões de nós mesmas. Mas, para que essas versões apareçam, é preciso abrir mão do controle e confiar que o processo nos levará onde precisamos estar.
Agora, imagine uma situação cotidiana, vou compartilhar algo que aconteceu comigo ontem. Você já ficou presa no trânsito, vendo o aplicativo Waze (ou o que você usa) recalcular a rota a cada novo obstáculo? Cada desvio parece uma perda de tempo, e a vontade de ignorar as instruções e seguir por conta própria é enorme. Mas o Waze só recalcula porque enxerga o que não conseguimos ver: um bloqueio à frente, um engarrafamento mais adiante. Muitas vezes, insistir no caminho que parece mais rápido só nos faz demorar ainda mais. E não é assim também com a vida? Em vez de correr para “chegar lá”, às vezes precisamos aceitar os desvios como parte do percurso, e não como algo que se atravessa no nosso caminho.
Aprender a desacelerar é um exercício de paciência que transforma o que somos. Passei anos cozinhando feijão na panela de pressão, acreditando que o “tempo mais rápido” fosse sempre a melhor opção. Mas um dia resolvi tentar o processo mais lento: deixei o feijão de molho, cozinhei em fogo baixo, dei tempo ao tempo.
O resultado é diferente. Hoje, em casa, o feijão tem mais sabor, mais textura; parece que cada minuto adicionou algo a mais. E talvez amadurecer seja isso também: deixar de apressar o processo e entender que o tempo da vida não é o tempo do relógio (cronos). Nosso tempo é o tempo perfeito de Deus – o tempo de kairós.
Hoje, estou aprendendo a ouvir a voz que me guia por dentro. Paro para escutar, paro em secreto com Ele, para me conectar com o que me chama a seguir, mesmo quando o caminho é incerto, porque confio na voz dEle.
Se você chegou até aqui e leu até o fim, quero te convidar a fazer o mesmo: respire, encontre esse momento de pausa, busque esse momento de secreto com Ele. Há um sentido em tudo, e nem sempre precisamos entender o propósito de imediato. Muitas vezes, basta a calma de obedecer, de dar um passo por vez, de aceitar que o processo, com tudo o que ele traz, é o caminho mais seguro para chegar onde precisamos estar.
Pare. Escute. Siga o ritmo. E veja como o tempo faz tudo se alinhar.
Escrito por @demaeparamaes
Palavras escritas para hoje:
“Entrega o teu caminho ao Senhor; confia nele, e ele tudo fará.”
Salmos 37:5
Escreva para viver melhor:Que desafios você tem enfrentado nos dias de hoje? Pode ser algo prático, mas também algo que esteja perturbando a sua alma. Escreva em detalhes como você enxerga essa situação e, em seguida, reflita sobre o olhar de Deus em relação a esse desafio. Se tiver dificuldades para entender a perspectiva de Deus sobre essa situação, procure alguém de sua confiança, alguém que você acredita ser usado por Ele, e peça sua opinião. Anote os pontos que essa pessoa compartilhar. Com certeza, isso ministrará ao seu coração.