Quando as amizades já não são mais as mesmas. E se sofre com isso.

O poder da sala cheia

A sala dá os sinais de que muitos passaram por aqui. Um peluche caído no chão, o tapete surrado, almofadas espalhadas, a lareira com o que restou da lenha… são as cinzas. Mas não as quero. Quero a vida. A vida de ver a sala cheia. Ouvir risos e canções, ver sorrisos e expressões. A vida que há em estarmos juntos. Em unir e não segregar. Será que conseguimos somar e não subtrair? Será que conseguimos somar e não dividir? Será que conseguimos somar e multiplicar?! Multiplicar os dias de sala cheia, multiplicar o amor do Pai.

Eu me lembro claramente quando comecei as minhas primeiras tentativas de poesia. Naquele dia, eu estava sentada no sofá, contemplando o centro de mesa de Moçambique, um presente generoso da Silvia e do Tojó, nossos primeiros amigos portugueses. Feito de madeira maciça, com um design interessante e espaços vazados para as rolhas dos vinhos que têm marcado a nossa vida lusitana; aquela cena roubou-me os pensamentos. E os sentimentos não eram tão bons assim. Foi quando percebi o quanto aprecio receber pessoas em casa (a hospitalidade realmente é o meu ponto forte!) e o quanto isso me faz bem.

Mas sabe que nem sempre foi assim…

Cresci em uma família onde a regra era: “Quer brincar? Vá para a casa dos vizinhos!” Em casa, o ato de receber se limitava aos mais íntimos. Havia pouca experiência com algo que mexe, hoje, tanto comigo. Porém, a vida dá voltas e casei-me com o rei da bagunça. Comecei a lidar com a casa sempre cheia e, entre os meus momentos de orgulho e braveza no início, sem saber lidar com tanto entra e sai, descobri o valor dos relacionamentos cultivados dentro do nosso lar. E assim continua até os dias atuais.

Felizmente, aprendi que a sala não ficará sempre cheia das mesmas pessoas. Nem toda amizade chega para ficar. Algumas têm o seu fim. E sempre haverá pessoas que não fazem questão de cultivar os relacionamentos. Mas está tudo bem. Os ciclos se renovam, e as novas amizades também desabrocham.

Hoje, sou grata por aqueles que se foram. Sou feliz pelos que permaneceram. E ainda tenho esperança por aqueles que ainda se sentarão conosco nessa sala. A nossa sala cheia.

Palavras escritas para hoje:

Suportem-se uns aos outros e perdoem as queixas que tiverem uns contra os outros. Perdoem como o Senhor lhes perdoou”. Colossenses 3:13

Escreva para viver melhor:

1. Quando o assunto são amizades, sempre ouço histórias de quem enfrenta decepções e perdas. É crucial abordar essas experiências e abrir-se para esses sentimentos. Por que sofremos tanto com isso? Essa é uma pergunta que persistentemente ecoa em minha mente e coração. E qual é o problema de enfrentarmos algumas perdas? Essa é outra pergunta com resposta difícil de aceitar.

2. Mas se você deseja libertar o seu coração de qualquer má experiência com amigos, escreva. Descreva o que aconteceu, coloque no papel as suas emoções negativas sobre essa pessoa e situação e até, de maneira empática, escreva sobre qual pode ter sido o lado da outra pessoa (deixe de lado os seus julgamentos). Certamente, essa situação tem muito a ensinar.

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